domingo, 13 de julho de 2014

De deusas pagãs a pré-Rafaelitas

De deusas pagãs a pré-Rafaelitas



Valentino (Foto: InDigital)
O desfile Valentino que fechou a temporada de alta-costura de inverno 2015 foi romântico, gracioso e bem no espírito do recente renascimento da grife.

No backstage, pinturas pre-Rafaelitas assinadas por artistas como Alma-Tadema enchiam o painel de inspirações ao lado de imagens de deusas romanas cobertas apenas com faixas de tecidos transparentes sobre corpos desnudos.  
Valentino (Foto: InDigital)
Eles voltaram a aparecer quase que literalmente na apresentação na forma de esvoaçantes vestidos que revelavam, delicadamente, uma quantidade razoável de pele. 'Deusas pagãs, Roma Imperial, com uma verdade sobre a beleza', disse Maria Grazia Chiuri ao descrever com Pierpaolo Piccioli a atitude da dupla.

A recém-criada Valentino tem tido enorme influência na moda, trazendo de volta a noção de privacidade feminina. Mangas longas e vestidos castos têm sido vistos ao redor do mundo fashion. 

Mas anteriormente sempre existiu um senso de realidade, o que frequentemente fazia falta nestes desfiles de alta-costura.
Valentino (Foto: InDigital)
Para começar, as cores – era tanto off-white, quase como se tivesse sido tirado das estátuas romanas e usados nos castos vestidos diurnos., apesar das hastes florais Art Nouveau em preto numa saia branca tornarem o look atraente.
Valentino (Foto: InDigital)

Casacos invernais foram difíceis de encontrar, a não ser pelo longo verde que se fundia com a folhagem do cenário. Ou o também uma criação com penas que parecia saída do figurino de uma ópera.

Outros casacos apareceram em tecidos de tapeçaria, como se feitos a partir de móveis históricos. E esse senso de passado ficou ainda mais evidente em um vestido longo floral.
Valentino (Foto: InDigital)
Rasteirinhas que subiam pela perna levaram o desfile para os arredores de uma lenda romana –certamente longe da Paris encharcada pela chuva.

‘Memória é uma parte importante do nosso futuro", disse Pierpaolo Piccioli.

Mas e a história do próprio Valentino, o estilista fundador que passou mais de meio século fazendo roupas para encantar e conquistar suas clientes pessoais? Essa é, afinal, a essência da alta-costura. As roupas que entraram na passarela, apesar de românticas, dificilmente pareciam combinar com Kim Kardashian e suas curvas do século 21 sentados na primeira fila. 
Valentino (Foto: InDigital)
E então tem a marca Valentino, que passou por um terremoto de jovialidade sem sofrer nenhum dos turbilhões e dramas que essas palavras sugerem. Na verdade, provavelmente ela é a grife estabelecida que teve a mais suave transferência para novas mãos. 

Certamente existe uma continuidade à graciosidade e gestos gentis do duo atual. E talvez eles argumentem que praticidade pode ser encontrada no ready-to-wear deles.
Valentino (Foto: InDigital)
Valentino apresenta a essência e a dicotomia da alta-costura atual. Para o consumidor? Para a imagem? Para a fantasia - ou para a realidade?

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