'Reaja com amor': Homens gays respondem a atentado de Orlando com 'beijaço' online
Quando o escritor Karl Soehnlein leu uma entrevista com o pai de Omar Mateen, homem responsável pelo massacre de 49 pessoas em uma boate gay da Flórida durante o fim de semana, um trecho chamou sua atenção.
"Estávamos no centro de Miami, Bayside, as pessoas estavam tocando música. E ele (Omar) viu dois homens se beijando na frente da mulher e do filho dele. Ele ficou muito bravo", afirmou Seddique Mateen à rede de TV americana NBC.
Mateen entrou armado na boate Pulse, em Orlando, na madrugada de domingo. Além dos 50 mortos (incluindo o atirador), a tragédia deixou 53 feridos. Trata-se do ataque mais letal da história recente dos Estados Unidos.
"Fiquei horrorizado com a frase do pai do atirador dizendo que o filho tinha ficado 'muito bravo' ao ver 'dois homens se beijando'. A ideia de que uma expressão de amor poderia levar a uma violência assassina como essa foi muito perturbadora para mim", disse Soehnlein à BBC.
O escritou então publicou o seguinte post em suas contas no Facebook e no Twitter:
"Quero inundar o mundo com imagens de homens se beijando... Reaja com amor. #TwoMenKissing (#DoisHomensSeBeijando, em tradução livre)".
Para acompanhar a mensagem, incluiu a imagem abaixo, em que ele e seu marido foram clicados pelo fotógrafo Jamiu Hello.
"Minha mensagem era simples: em uma cultura homofóbica, visibilidade é essencial. Nosso amor nos torna humanos. Beijar deve ser celebrado, e não temido", afirmou.
"Muitas pessoas ainda não ficam à vontade com imagens de homens se beijando. Essa é uma mensagem para minha comunidade - um lembrete para que ela continue forte e unida em meio à adversidade. E também para aqueles que nos temem e nos odeiam: não vamos embora", acrescentou Soehnlein.
Reação em cadeia
A hashtag #TwoMenKissing acabou sendo usada mais de 10 mil vezes - muitas pessoas postaram suas próprias imagens.
Soehnlein disse esperar que a hashtag também possa ser usada para iniciar um debate que vise "acabar com leis homofóbicas, como a do banheiro na Carolina do Norte e as leis de liberdade religiosa em Indiana e outros lugares".
O autor se referiu à polêmica medida do Estado americano da Carolina do Norte determinando que transexuais usem o banheiro de acordo com o gênero que consta de sua certidão de nascimento e à aprovação, em Indiana, de uma lei permitindo que empresas, caso desejem, deixem de atender clientes gays em nome de sua "liberdade religiosa".
"Também acho que os políticos precisam ser responsabilizados. Precisamos repreender legisladores republicanos que oferecem suas 'orações' (após o tiroteio) sem reconhecer que as vítimas eram da comunidade LGBT - nos silenciando em meio à nossa própria tragédia", disse o escritor.
Conectando
Soehnlein contou que as mídias sociais foram muito importantes para que ele se conectasse com as pessoas atingidas pela tragédia em Orlando.
"O massacre no clube Pulse parecia muito, muito distante. Postar uma imagem de amor parecia, para mim, dar apoio a todos os que estavam sofrendo em Orlando", afirmou.
"E conecta alguém como eu - que saiu do armário na década de 1980 - com a juventude gay de hoje, que é uma inspiração e o futuro do nosso movimento e de nossa comunidade."
Nenhum comentário:
Postar um comentário