domingo, 5 de junho de 2016

10 filmes brasileiros que não perdem em nada para cinema feito mundo afora

10 filmes brasileiros que não perdem em nada para cinema feito mundo afora


Ei, amigo, vamos repensar essa história de dizer que filme brasileiro não tem qualidade? Pode pegar mal para você, porque a cinematografia brasileira tem uma longa tradição, grandes sucessos de bilheteria e muitos filmes premiados fora do país --se o que você precisa é desse aval internacional.
Ignorar tudo isso e fazer comparações esdrúxulas mostra que está faltando conhecer mais os filmes feitos por aqui. E você, claro, não quer ficar com essa fama de, digamos, mal informado. Para te ajudar, lembramos filmes celebrados que são nossos equivalentes a clássicos do cinema mundial.
Divulgação
Pôsteres dos filmes "Deus e o Diabo na Terra do Sol", "Cidade de Deus" e "Que Horas Ela Volta?"

"Deus e o Diabo na Terra do Sol" (Glauber Rocha, 1964)

O Cinema Novo, movimento que mudou a cara dos filmes brasileiros nos anos 1960, aconteceu simultaneamente a uma série de "novas ondas" nas cinematografias de vários países, começando pela França. Se Glauber Rocha foi nosso maior representante, nada mais justo do que compará-lo com Jean-Luc Godard, um dos cabeças da Nouvelle Vague. Então "Deus e o Diabo na Terra do Sol", primeiro grande filme de Glauber, seria o equivalente a "Acossado", longa de estreia de Godard. Cinema de invenção de primeira, de qualquer lado do oceano.

"Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia" (Hector Babenco, 1978)

Quem assiste o segundo filme de Hector Babenco hoje, quase 40 anos depois, corre o sério risco de ficar impressionado. Isso porque o longa do argentino naturalizado brasileiro não deve nada aos grandes filmes policiais dos anos 1970. Estrelado por Reginaldo Faria e baseado em fatos reais, tem algumas cenas de perseguição que o colocam lado a lado com suspenses como "Operação França" ou "Os Implacáveis", mas com um sabor brasileiro, claro.

"Central do Brasil" (Walter Salles e Daniela Thomas, 1998)

O belo drama que indicou a grande dama da dramaturgia brasileira, Fernanda Montenegro, ao Oscar, comoveu o Festival de Sundance, ganhou o de Berlim, o Bafta (o Oscar inglês) e o Globo de Ouro. A relação entre Dora e Josué, filmada com muita sensibilidade por Walter Salles, emocionou tanto quanto a amizade entre Alfredo e Totó num clássico dos anos 1980, "Cinema Paradiso", de Giuseppe Tornatore, outro filme que ajudou os fabricantes de lenços de papel.

"Cidade de Deus" (Fernando Meirelles e Kátia Lund, 2002)

O filme brasileiro que mais fez dinheiro nos Estados Unidos rendeu quatro indicações ao Oscar, entre elas direção e roteiro, e aparece frequentemente em listas de melhores de todos os tempos. Exagero? Pode até ser, mas a estética, que muitos acusam de ser quase publicitária, e a temática, com personagens pobres à margem da sociedade, lembram as do primeiro filme de Alejandro G. Iñarritu, "Amores Brutos", que navega por um oceano parecido. Iñarriu se deu melhor em Hollywood: ganhou dois Oscars consecutivos, por "Birdman" e "O Regresso". Será que Meirelles ainda tem chance?

"O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias" (Cao Hamburger, 2006)

Dos filmes que o Brasil indicou ao Oscar nos últimos anos, este foi quem chegou mais longe na disputa: ficou entre os nove semifinalistas. O trabalho delicado de Cao Hamburger, sobre um menino que perde os pais para a Ditadura e precisa enfrentar o luto e descobrir quais serão seus próximos passos, é muito melhor ?nem se compara, por sinal? do que alguns longas hollywoodianos que também tratam do luto de uma criança, como "Tão Forte e Tão Perto", que chegou a ser indicado ao Oscar de melhor filme.

"Se Eu Fosse Você" (Daniel Filho, 2006)

Os dois "Se Eu Fosse Você" levaram juntos mais de 10 milhões de espectadores para o cinema com uma fórmula bem simples: fazer com que duas pessoas troquem de corpos. Essa história você já viu algumas vezes em filmes como "Vice Versa" e "Uma Sexta-Feira Muito Louca", mas a versão mais clássica é a que "revelou" Tom Hanks e lhe garantiu sua primeira indicação ao Oscar, "Quero Ser Grande". E o brasileiro não faz feio na comparação, não.

"Tropa de Elite" (José Padilha, 2007)

A moral de "Tropa de Elite" é das mais questionáveis, mas o filme provou a qualquer um que o Brasil pode fazer cinema de ação com tanta competência quanto em Hollywood. O filme mostra um lado ultra-violento do Rio de Janeiro ?como "RoboCop", de Paul Verhoeven, faz com a Detroit do futuro. Não é à toa que o diretor José Padilha comandou a refilmagem do clássico oitentista, trabalhando com gente como Michael Keaton e Gary Oldman.

"O Lobo Atrás da Porta" (Fernando Coimbra, 2013)

O filme de estreia de Fernando Coimbra --que, por sinal, está seguindo carreira internacional e agora vai trabalhar com o "Superman" Henry Cavill-- é um suspense psicológico, inspirado em fatos reais, que deixa muita produção hollywoodiana no chão. A performance discreta e poderosa de Leandra Leal pode remeter alguém ao impacto de ver Jodie Foster diante do canibal Hannibal Lecter em "O Silêncio dos Inocentes", com a diferença de que o mal nem sempre está fora de si.

"Tatuagem" (Hilton Lacerda, 2013)

O libertário longa de estreia de Hilton Lacerda, sobre uma comunidade de artistas que prega a liberdade e o amor livre no Recife dos anos de ditadura, conquistou o espectador com as interpretações de Irandhir Santos e Jesuíta Barbosa, que dão vida ao romance entre um diretor de teatro e um soldado, recém-chegado à trupe. É como se o diretor fizesse uma versão sul-americana de "A Lei do Desejo", de Pedro Almodóvar, em que um cineasta se envolve com um homem mais jovem.

"Que Horas Ela Volta?" (Anna Muylaert, 2015)

Mães que fazem os maiores sacrifícios para que seus filhos tenham um futuro melhor não faltam na vida real e no cinema. Sandra Bullock ganhou um Oscar interpretando uma mulher assim em "Um Sonho Possível", mas, quer saber? Sandra e várias outras mães hollywoodianas perdem feio para uma mãe tipicamente brasileira, que traduz um batalhão de nordestinas que deixam suas casas e moram longe para que seus filhos tenham uma chance na vida. Regina Casé e a Val de "Que Horas Ela Volta?" nem disputaram o Oscar, mas ganharam nosso coração.

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