sábado, 28 de maio de 2016

Acredito no amor: "Me apaixonei pelo meu paciente tetraplégico!"

Acredito no amor: "Me apaixonei pelo meu paciente tetraplégico!"

Fred conquistou Maria com seu jeito terno e atencioso. Suas limitações nunca foram obstáculo para o amor do casal


Eu estava dirigindo meu carro num trânsito que não andava e, de tanto pensar na vida, comecei a conversar com Deus. Pedi que ele me presenteasse com um amor que me fizesse feliz e segura, e ajudasse a esquecer todos os meus problemas. Naquela época, 2009, eu passava por uma fase difícil: meu namoro de cinco anos estava por um fio porque brigávamos muito e eu enfrentava vários problemas familiares. Aí, seis meses depois, uma amiga fisioterapeuta, como eu, me pediu para substituí-la em suas férias para atender um paciente tetraplégico, o Fred. Eu ainda não sabia, mas naquele instante Deus estava atendendo ao meu pedido, só que de um jeito inesperado: meu príncipe encantado não chegaria em um cavalo branco, mas em uma cadeira de rodas.

Senti que ele me olhava de um jeito diferente 

Na primeira sessão com o Fred, quis saber sobre sua história. Ele havia sofrido um acidente de moto em 2008 que mudou sua vida. A quinta vértebra da cervical foi fraturada, o que o tornou paralisado do pescoço pra baixo. Na época, ele tinha 27 anos, era veterinário e trabalhava em uma das maiores companhias de agronegócios do país. 

Era um rapaz jovem e bonito, mas percebi que passava por uma fase difícil de aceitação do acidente. Mesmo assim, sentia que Fred me olhava de uma forma diferente, como se já me conhecesse. Me fazia sentir especial. Nos demos superbem e conversávamos muito. Um mês depois, meu namoro terminou... 

Conforme o tempo foi passando, criamos uma relação de amizade porque tínhamos muitas afinidades, como nossos gostos musicais e o jeito simples e “caipira”. Contávamos nossos problemas um ao outro, era uma troca muito positiva! O Fred foi uma pessoa fundamental naquele momento difícil pra mim, pois foi quem mais me ouviu e ajudou a acalmar meu coração quando eu mais precisava. Nessa fase, não rolava interesse de minha parte – sentia que da parte dele também não. Mas a amizade e a vontade de estar junto só aumentavam... 

Nossa relação foi evoluindo de uma maneira bem natural. Não sei precisar o momento em que minha consideração atencioso por ele virou algo mais forte, mas, após dois meses de atendimento, o Fred se tornou uma pessoa na qual eu depositava muito carinho e confiança. E tudo foi caminhando para uma grande paixão... 

Quando nos envolvemos, parei de atendê-lo 

Quem tomou a iniciativa de abrir o coração foi o Fred. Ele me roubou um beijo dentro do seu carro. Até hoje não esqueço do jeito como me olhou, fazendo carinho no meu rosto antes de tocar os meus lábios. Foi um dia muito especial para nós, pois percebi que ali era o início de uma linda história de amor. 

No começo, nosso romance era meio às escondidas, pois o Fred tinha vergonha. Não de mim, mas dele mesmo. Ele achava que suas limitações seriam um problema para nossa relação. Isso nunca passou pela minha cabeça! Então, quando percebemos que o relacionamento estava ficando sério, decidimos que eu não seria mais fisioterapeuta dele, por uma questão de ética profissional. 

Nosso namoro sempre foi repleto de momentos felizes e carinhosos: jantávamos fora, íamos ao cinema, visitávamos nossas famílias e amigos frequentemente. Saíamos como qualquer outro casal, mas também gostávamos muito de programas caseiros. 

Após três anos de namoro, decidimos dar um passo à frente em nossa vida e confirmar nosso sentimento perante Deus. Mas, nesse meio-tempo, meu avô faleceu e tivemos que adiar o casamento por um tempo. 

A deficiência dele nos deixou mais unidos 

Passados os dias de luto, fui pega de surpresa com um jantar familiar. O Fred organizou tudo. As duas famílias estavam reunidas e ele preparou meu prato favorito: lasanha de massa verde e bife à parmegiana. No final, fui surpreendida de novo: meu amor fez um pedido de casamento com as alianças na mão! Chorei de emoção. 

As restrições do Fred nunca foram um problema pra mim. Muito pelo contrário: eram elas que nos tornavam mais unidos e o relacionamento mais intenso. Sempre digo que a cadeira dele, para mim, é como uma característica física, tipo a cor dos olhos. Não o vejo como alguém limitado ou incapaz. 

De toda forma, o Fred tem uma cuidadora que mora com a gente. Ela faz a sua higiene diária e a alimentação. Na folga dela, sou eu quem assumo essas tarefas. E, diariamente, à noite sou eu que faço seus cuidados antes de nos deitarmos. 

Hoje vivo os dias mais felizes da minha vida. O Fred é meu companheiro, amigo e parceiro de todos os dias. Caminhamos lado a lado e sonhamos em aumentar nossa família em breve. Valeu a pena conversar com Deus para pedir um amor! - MARIA ALICE FURRER, 30 anos, fisioterapeuta, Campo Grande, MS

“Mesmo inseguro, decidi investir”

Após o acidente de moto que sofri, me vi numa cadeira de rodas e a depressão me abraçou de vez. Na época, estava tão desanimado que relutei a fazer fisioterapia. Depois de muita insistência da minha mãe, comecei a ser atendido pela Naila. Até que um dia deparo com a Maria Alice, que substituiu minha fisioterapeuta. Assim que a vi, fiquei bem animado. Ela era muito bonita e atraente. Além disso, sua simpatia e sua paixão pela profissão me encantaram. Nossa relação de paciente e fisioterapeuta logo se transformou em amizade. Em pouco tempo, sentia uma grande vontade de estar com ela e percebi que estava apaixonado. Mas achava que seria impossível voltar a me relacionar com alguém por causa das minhas limitações. Mesmo com minha insegurança, resolvi investir. Apesar de sentir muita tristeza por saber que eu deixaria a desejar em vários aspectos devido à minha deficiência, com o tempo fui descobrindo novas formas de substituir algumas gentilezas por outras: ajudava a resolver seus problemas, incentivava a alçar voos mais ousados na profissão, dava presentinhos, fazia elogios... E assim a conquistei! Quando pedi a mão dela em casamento, tinha certeza de que a Maria Alice era a mulher de minha vida. Ela me fez enxergar além do que minha visão de “depressivo” conseguia ver, me mostrando novas possibilidades, novas maneiras de realizar atividades que eu fazia antes do acidente. Minha mulher foi um anjo que apareceu em minha vida. - FREDERICO RIOS, 34 anos, veterinário, Paranaíba, MS

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