domingo, 21 de agosto de 2016

Racismo ou indignação em excesso? A polêmica sobre o tuíte de apresentadora americana com Usain Bolt

Racismo ou indignação em excesso? A polêmica sobre o tuíte de apresentadora americana com Usain Bolt


Twitter

A atriz e apresentadora americana Ellen DeGeneres foi acusada de racismo depois de postar um tuíte com uma foto editada na qual aparece "sendo carregada" pelo velocista jamaicano Usain Bolt.
Junto com a montagem, feita a partir de uma foto de Bolt durante uma das provas da Rio 2016 e onde a apresentadora encaixou uma foto sua nas costas do atleta, DeGeneres escreveu: "Daqui para frente é assim que corro para cumprir com meus compromissos".
O tuíte ganhou fama e foi compartilhado quase 40 mil vezes - uma delas pelo próprio Bolt.
Mas a apresentadora começou a ser acusada de racismo por aparecer "montada" nas costas do velocista.
"Tenho muita consciência do racismo que existe em nosso país. E (racista) é a coisa mais distante do que sou", postou DeGeneres em seguida.
Alguns usuários sustentaram, porém, que DeGeneres não entendeu a razão da interpretação de racismo.
"Inicialmente eu não tinha entendido o alvoroço sobre a foto de Ellen, até que...", tuitou uma usuária mostrando fotos antigas de escravos negros carregando pessoas brancas nas costas.
Twitter

Muitos saíram em defesa da apresentadora. "Sou negra e não me ofendi. Ela basicamente está elogiando a velocidade e resistência dele (Bolt)", rebateu outra usuária. "Ellen DeGeneres não é racista. Ela quer uma carona de um cara rápido. Há muitas coisas para ficarmos indignados, esta não é uma delas", argumentou outro.
Junto à postagem da foto, há um amplo debate entre os usuários. "@TheEllenShow, você achou que seria engraçado postar uma foto sua sobre as costas de um homem negro? Não. Apague esse lixo racista".
"Usain Bolt retuitou, então se ele não ficou ofendido, por que você ficou?", respondeu outro.
"Só porque alguém concordou (com o post), não significa que ele não seja racista", rebateu um terceiro.
"Não era para ofender ninguém, é apenas um comentário sobre ele (Bolt) ser o homem mais rápido do mundo."
Twitter
Em abril, fotos publicitárias de linha de roupas que ela criou em colaboração com a Gap foram retiradas de circulação depois de muitas críticas.
GAP Kids

A imagem que mostrava um grupo de meninas e, entre elas, uma menina branca e alta apoiando o braço na cabeça de uma menina menor e negra, foi descrita por críticos como um exemplo de "racismo passivo".
Em 2015, DeGeneres fez piada com o corpo da cantora Nicki Minaj que também foi alvo de críticas. A revista Mic afirmou que a paródia da apresentadora revelava uma falta de respeito pelos corpos de mulheres negras.
Mas a apresentadora também já foi elogiada por denunciar casos de driscriminação em outras ocasiões.
Getty Images

Recentemente, ela afirmou que a diversidade entre os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, do Oscar, já "está atrasada".
O comentário ocorreu depois da polêmica causada pelas indicações ao Oscar deste ano - que não tiveram nenhum negro entre as quatros categorias de atuação (melhor atriz e ator e melhor ator e atriz coadjuvantes).
"É surpreendente que tenha levado tanto tempo para todos nós percebermos que todos devem ser representados no cinema e na televisão", afirmou.
"Existe um planeta cheio de pessoas que não são heterossexuais brancos. Há pessoas negras, pessoas gordas, pessoas que não são absolutamente perfeitas."

Com festa de ícones brasileiros no Maracanã, Rio se despede da Olimpíada

Com festa de ícones brasileiros no Maracanã, Rio se despede da Olimpíada



A cerimônia de encerramento começou às 20h com artistas dançando e formando ícones do Rio, como o Cristo e o bondinho, seguido por projeções de telas da artista Tarsila do Amaral, ao som da banda Barbatuques. Martinho da Vila interpretou canções como "Carinhoso" e Roberta Sá incorporou Carmem Miranda ao cantar Tico-tico no Fubá.
Em um das partes considerada entre as mais emocionantes, um grupo de crianças embalado por batuques cantou o Hino Nacional - as luzes que traziam nas roupas depois formaram as estrelas da bandeira brasileira projetada no estádio. A tenista brasileira Maria Esther Bueno carregava a bandeira que seria hasteada.
Debaixo de uma chuva que não deu trégua até o fim da cerimônia, as delegações entraram no Maracanã, de uma maneira mais descontraída do que na abertura.
luzes que traziam nas roupas depois formaram as estrelas da bandeira brasileira projetada no estádio.
 

O baiano Isaquias Queiroz entrou carregando a bandeira nacional, após ter conquistado três medalhas na canoagem - um feito inédito para o esporte brasileiro.
Na reta final da cerimônia, houve ainda homenagens à mulher rendeira, interpretação da música "Asa Branca", de Luiz Gonzaga, e a participação de crianças guaranis. Projeções de pinturas rupestres lembraram o Parque Nacional da Serra da Capivara, que chegou a ser fehcado nesta semana, por falta de financiamento.
Roberta Sá incorporou Carmem Miranda ao cantar
Após a entrega de medalhas dos maratonistas da prova masculina e a interpretação dos hino olímpico e o da Grécia, teve início a parte da cerimônia realizada pelo Japão, que abrigará os Jogos Olímpicos de 2020. Um dos momentos que mais chamou a atenção, o primeiro-ministro Shinzo Abe surgiu no Maracanã com um chapéu do personagem de videogame Mario, da japonesa Nintendo.
Durante um trecho mais protocolar da cerimônia, Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, fez seu discurso, enquanto as imagens da TV mostravam muitos assentos vazios na arquibancanda atrás dele.primeiro-ministro Shinzo Abe surgiu no Maracanã com um chapéu do personagem de videogame Mario, da japonesa Nintendo
A chama olímpica foi apagada e, em seguida, o Maracanã virou uma espécie de Sapucaí, com a cerimônia de encerramento se transformando em um verdadeiro desfile de escolas de samba.
No fim da festa, ao som de sambas enredos e marchinhas carnavalescas clássicas, atletas de diferentes países usaram adereços dos passistas e alguns chegaram a subir no carro alegórico.

Medalhas

Horas antes, a vitória da seleção masculina de vôlei, contra a Itália, ajudou a garantir ao Brasil sua melhor Olimpíada da história, tanto no número de ouros quanto no total de medalhas.
Ao todo, os atletas do país conseguiram um recorde de 19 medalhas. A melhor campanha até então era a dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, com 17. O número de ouros olímpicos conquistados pela delegação brasileira também é inédito. Foram sete, superando os cinco obtidos nos Jogos de Atenas, em 2004. Na Olimpíada anterior, em Londres, o Brasil obteve apenas três.
Mais um recorde foi batido na posição geral no quadro de medalhas. Os brasileiros fizeram no Rio sua melhor campanha, fechando os jogos em 13º lugar, três posições acima do 16º obtido em Atenas, sua melhor colocação até então.
Carro alegórico
A Olimpíada de Atenas, em 2004, também foi a última vez que a seleção masculina de vôlei ganhou o ouro olímpico. Além disso, o time estava há seis anos "na seca" e não conquistava um título desde que se sagrou tricampeão do Campeonato Mundial, em 2010.

Entre os 10 primeiros

No entanto, o Brasil não alcançou a meta de ficar entre os dez primeiros países no quadro de medalhas.
O objetivo era parte de um plano, lançado um mês após os Jogos de Londres, que previa "um novo patamar de investimentos no esporte visando a preparação de nossos atletas olímpicos e paraolímpicos para os Jogos Rio 2016", segundo a descrição oficial.

A Olimpíada de Atenas, em 2004, também foi a última vez que a seleção masculina de vôlei ganhou o ouro olímpico. Além disso, o time estava há seis anos "na seca" e não conquistava um título desde que se sagrou tricampeão do Campeonato Mundial, em 2010.

Entre os 10 primeiros

No entanto, o Brasil não alcançou a meta de ficar entre os dez primeiros países no quadro de medalhas.
O objetivo era parte de um plano, lançado um mês após os Jogos de Londres, que previa "um novo patamar de investimentos no esporte visando a preparação de nossos atletas olímpicos e paraolímpicos para os Jogos Rio 2016", segundo a descrição oficial.
Bruninho e Serginho comemoram o ouro no vôlei
Anunciado pelo governo de Dilma Rousseff, compreendia R$ 1 bilhão em recursos adicionais entre 2013 e 2016, a construção de centros de treinamento e a instituição de programas como o Bolsa Pódio.
O plano também estabeleceu colocar o Brasil entre os cinco primeiros colocados nos Jogos Paralímpicos, que ocorre entre 7 e 18 de setembro. Se for bem sucedido, o resultado será também inédito.
No balanço olímpico, vale lembrar também que atletas militares conquistaram 12 das 19 medalhas, gerando polêmica especialmente quanto muitos deles bateram continência no pódio.
Os atletas militares integram o Programa de Atletas de Alto Rendimento (PAAR), iniciado em 2008 com o objetivo de tornar o Brasil mais competitivo para a 5ª edição dos Jogos Mundiais Militares, que ocorreram no Rio de Janeiro, em 2011.
O Exército e a Marinha abriram concursos para incorporar atletas civis que já tinham bom desempenho em competições reconhecidas (mais tarde, a Aeronáutica também entrou no programa).
O projeto recebeu críticas por oferecer apoio apenas a atletas já consagrados e ajudar pouco na formação de novos nomes.

Povo emotivo? Por que choramos, rimos, vaiamos e ficamos furiosos intensamente na Rio 2016

Povo emotivo? Por que choramos, rimos, vaiamos e ficamos furiosos intensamente na Rio 2016

Torcedora brasileira
A torcida brasileira nos Jogos do Rio foi alvo de atenção pelas vaias aos atletas rivais, mas também pela animação e emoção no apoio a competidores nacionais.
A BBC Brasil, que acompanhou relatos e análises na imprensa nacional e internacional sobre o país e os brasileiros durante a Rio 2016, conversou com especialistas para investigar por que, afinal de contas, somos vistos ou nos percebemos como um "povo emotivo".

A  que acompanhou relatos e análises na imprensa nacional e internacional sobre o país e os brasileiros durante a Rio 2016, conversou com especialistas para investigar por que, afinal de contas, somos vistos ou nos percebemos como um "povo emotivo".
Para Bader Sawaia, professora de psicologia social da PUC-SP, isso ocorre porque demonstrar emoções é algo mais aceito socialmente no Brasil. "O Brasil sempre foi um país mais alegre, que não inibe a demonstração de afetos", diz.
O cientista social Alberto Carlos Almeida, autor de "A Cabeça do Brasileiro" (editora Record), destaca esse aspecto de nossa tradição cultural ao afirmar que "nossa socialização não é tão rígida no controle das emoções".
"Crescemos e não temos essa obrigação de controlar o choro como, por exemplo, em países nórdicos e nos Estados Unidos."
Autores que se tornaram referência no estudo da identidade nacional também destacaram o papel da emotividade, afirma a antropóloga da UERJ Claudia Barcellos Rezende, coautora de "Antropologia das Emoções" (editora FGV), ao lado de Maria Cláudia Pereira.
"O pensamento social brasileiro, toda tradição de Sérgio Buarque de Hollanda e Gilberto Freyre, a partir da década de 1920 e 1930, começou a construir essa visão da emotividade do brasileiro como algo característico nosso e ambivalente: em alguns momentos seria positiva e em outros, nem tanto", afirma.

"Mas ao longo do século passado, a gente viu a construção da identidade nacional com essa ideia de que o brasileiro expressa a emoção mais facilmente, de uma maneira mais explícita e espontânea, e que isso é do brasileiro, diferentemente de outras sociedades e culturas."

Torcida brasileira

Embora ressaltem o papel da tradição e dos relatos clássicos sobre nossa "identidade emotiva", pesquisadores também citam o atual contexto do país e a dimensão da Rio 2016 como causas da extrapolação de emoções - positivas e negativas - pelos brasileiros durante os Jogos.
"A Olimpíada foi um momento em que o brasileiro sentiu que poderia potencializar a forma de se sentir parte de um país, porque a gente vinha de um momento de humilhação política e econômica. Na cerimônia de abertura, mostramos que temos capacidade, apesar das dificuldades", afirma Sawaia.
Para Claudia Barcellos, a possibilidade de expor e comparar nossa identidade com outros países torna algumas de nossas características - como a emotividade - mais visíveis.
"Esse é um contexto em que você reúne vários estrangeiros em um ambiente só, então a identidade brasileira está muito em foco, porque é a identidade brasileira versus a americana, a inglesa e outras nacionalidades. Num contexto assim, chorar mais ou expressar as emoções de maneira mais intensa fica ainda mais presente, faz ainda mais sentido para os brasileiros."
O cenário da maior competição esportiva do planeta, diz a antropóloga, também favorece a percepção da emotividade, neste momento, como algo positivo.
"Houve momentos em nossa história em que ser emotivo foi sinônimo de ser menos civilizado, ou o contário do europeu. A grande virada (na história do pensamento social brasileiro) foi essa resignificação da emoção como algo positivo da nossa identidade", diz.
"Então o Brasil pode não ser um país desenvolvido, civilizado e moderno pelo olhar do outro, mas temos a facilidade de fazer amigos, somos mais emotivos. E isso de repente vira uma característica positiva, que nos diferencia de outras pessoas", conclui.

sábado, 6 de agosto de 2016

Besuntado de Tonga que "quebrou" a web não esperava ser porta-bandeira

Besuntado de Tonga que "quebrou" a web não esperava ser porta-bandeira

Matt Slocum/AP

Geralmente, a delegação de Tonga, um pequeno país localizado na Oceania, passa despercebida pelos espectadores que acompanham a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. No entanto, o atleta Pita Nikolas Taufatofua, escolhido para ser porta-bandeira do país, chamou atenção pela forma com que se apresentou no espetáculo.
Taufatofua tem 32 anos e, segundo sua página pessoal, "passou toda a vida adulta trabalhando em albergues para desabrigados para mostrar e ensinar às pessoas o poder de acreditar em si próprio". O atleta conquistou a vaga nos Jogos Olímpicos pela seletiva da Oceania, realizada em abril, após falhar duas vezes em tentar disputar o torneio.
“Esta foi a primeira vez que Tonga fez algo diferente como isso. Foi importante para o Pita. Ele é muito patriota e ama a cultura tongonesa. Ele não sabia se seria escolhido para carregar a bandeira, mas ele tinha uma forte sensação de que isso deveria ter sido feito por alguém que representasse o país”, declarou Jacinta Sitapa, colega do atleta, em entrevista ao jornal norte-americano “USA Today”.
O atleta nasceu na Austrália, mas optou por competir por Tonga para homenagear a origem de seu pai. No entanto, o atleta treina e reside em Auckland, na Nova Zelândia.

O especialismo de Gisele Bündchen está em ser extraordinariamente comum

O especialismo de Gisele Bündchen está em ser extraordinariamente comum

Apesar de ser casada com Tom Brady, um dos maiores jogadores de futebol americano, o mundo do esporte parece não estar acostumado com Gisele Bündchen e a sensação de especialismo que esse furacão deixa por onde passa. 
As peculiaridades envolvendo a comitiva da brasileira, o profissionalismo extremo da übermodel, além de sorrisos arrancados por seu carisma são alguns aspectos que são comuns para quem trabalha com moda, mas podem surpreender os quem atuam em outras áreas e até fãs.
 
Nesta sexta-feira (5), vestida em um belo e prateado longo com superfenda central assinado pelo estilista brasileiro Alexandre Herchcovitch, Gisele desfilou ao som de "Garota de Ipanema" na cerimônia de abertura da 31ª edição dos Jogos Olímpicos, no Maracanã, Rio de Janeiro. 
 
O famoso caminhar na "mais longa passarela em que já esteve" -como ela mesma definiu horas antes do evento- começou com as primeiras notas no piano de Daniel Jobim, neto de Tom e autor do clássico da MPB ao lado de Vinícius de Moraes, e terminou com a aprovação da garota de Ipanema original Helô Pinheiro.
 
Mas as curiosidades envolvendo o dia de Gisele na capital fluminense não foram mostradas pelas inúmeras emissoras de TV que transmitiram a festa em todo mundo.
 
Bastidores
- Apesar da festa começar oficialmente apenas às 20h (horário de Brasília), a gaúcha e seu staff deixaram o hotel Fasano, em Ipanema, por volta das 12h.
 
- O forte esquema de segurança no local que hospeda a modelo -e, sejamos justos, outras celebridades e chefes de Estado- inclui aparelhos de raio X, detectores de metal e confisco temporário de celulares dos funcionários do fino hotel da zona sul carioca.
 
- Sempre que a modelo chega ou deixa o hotel, empregados da empresa ficam confinados por alguns minutos onde quer que estejam (salas de reunião, refeitórios ou até mesmo no exterior do prédio), para que ela entre e saia com segurança e sem qualquer incomodo.
 
- Depois de brilhar no evento que marcou a abertura das Olimpíadas 2016, ainda no Maracanã, Gisele foi flagrada sozinha -porém cercada de seguranças (sempre com eles)-, cantando, dançando e pulando ao som de "País Tropical", de Jorge Ben Jor. Ao seu redor voluntários e bailarinos que participaram da festa também cantavam, dançavam e pulavam.
 
Então entendemos que o especialismo de Gisele está em ser extraordinariamente comum. Como todos nós.

Clive Brunskill/Getty Images